30 maio O que é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)?
Você já deve ter reparado que eletrodomésticos como geladeiras e ares-condicionados, e até mesmo carros, possuem uma etiqueta com faixas coloridas e letras, feito essa aqui ao lado. Essa é a ENCE, a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia. A função da ENCE é informar o desempenho energético dos equipamentos, veículos leves e edificações (sim, acredite, até prédios e casas podem ter essa etiqueta). As informações que ela contém, quando bem interpretadas, podem ajudar – e muito – o consumidor na hora da compra de um equipamento mais eficiente no consumo de energia.
Vamos começar com um pequeno histórico: a ENCE faz parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem, o PBE, criado em 1984 pelo então Ministério da Indústria e do Comércio (MIC) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O PBE é coordenado, desde então, pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que é ligado hoje (até o momento da publicação deste IEI Explica) ao Ministério da Economia.
ENCE para ar condicionado. Fonte: Anexo da Portaria Inmetro nº 410/2013
A participação dos fabricantes no PBE pode ser voluntária ou obrigatória (compulsória no jargão do Inmetro) a depender do equipamento fabricado. A obrigatoriedade significa que um equipamento só pode ser fabricado, ou comercializado, ou importado no Brasil se possuir a etiqueta. Aqui você encontra uma listagem do próprio Inmetro supostamente atualizada dos equipamentos obrigados a terem etiqueta.
A ENCE fornece ao consumidor informações sobre o consumo de energia, mas também é uma garantia do Inmetro de que o equipamento foi aprovado em uma série de testes de segurança, de eficiência energética e de operação. Os padrões para a aprovação nesses testes são definidos pelo próprio Inmetro e chamados de Requisitos de Avaliação de Conformidade (RTAC).
A figura acima mostra a aparência mais atual de uma ENCE para condicionadores de ar. Na porção superior, devem estar as informações do equipamento: fornecedor, marca, modelo e tipo. Logo abaixo, estará a indicação da eficiência do equipamento, representada por uma letra em destaque. No caso da figura, o equipamento é o tipo A, ou seja, ele está dentro da faixa verde de consumo mais eficiente. Se fosse D, estaria na faixa menos eficiente no consumo de eletricidade. Cada uma dessas faixas de consumo, representadas por diferentes letras e cores, é delimitada por valores mínimos e máximos de eficiência energética: para corresponder a uma dessas faixas, o equipamento deve estar dentro dos valores (não entendeu? A gente voltará mais adiante nisso). Por fim, há na ENCE o valor dos kWh consumidos pelo equipamento por mês considerando seu uso por uma hora por dia.
Dessa forma, as informações contidas na ENCE permitem que o consumidor compare o consumo de energia entre equipamentos parecidos. Para exemplificar, suponhamos que o leitor deseje comprar uma geladeira e quer adotar a ENCE como um guia para sua escolha da mais eficiente. Você precisa prestar atenção, pois só é possível comparar o consumo de eletricidade de geladeiras que sejam do mesmo tipo, volume e forma de degelo. Não será possível, por exemplo, comparar uma geladeira de uma porta com outra de duas portas, ou uma geladeira frost free com uma com degelo manual. Ao lado está o exemplo de como é uma ENCE para refrigeradores.
Cada equipamento possui seu próprio tipo de ENCE. A ENCE das lâmpadas fluorescentes, por exemplo, é diferente da etiqueta dos condicionadores de ar e dos refrigeradores. Ela possui sete faixas de eficiência, de A a G, e indica: o fluxo luminoso, em lúmens, que é a quantidade de luz que a lâmpada fornece; a potência, em Watts; e a eficiência luminosa, que é a relação entre lúmens e Watts (quanto maior essa relação, mais eficiente é a lâmpada, pois ela fornece mais luz para a mesma quantidade de eletricidade consumida). A ENCE das lâmpadas LED não possui as faixas coloridas com letras – de acordo com o Inmetro, ela é apenas informativa, ainda não classifica os produtos.
ENCE para refrigeradores, frigobares e similares. Fonte: Anexo III da Portaria Inmetro nº 577/2015
ENCE para lâmpadas fluorescentes. Fonte: Anexo da Portaria Inmetro nº 489/2010
ENCE para lâmpadas LED. Fonte: Anexo da Portaria Inmetro nº 144/2015
Equipamentos que possuem ENCE:
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- Aquecedores de água a gás
- Bombas e motobombas centrífugas
- Condicionadores de ar
- Edificações
- Equipamentos de aquecimento solar de água
- Fogões e fornos domésticos a gás
- Fornos de micro-ondas
- Fornos elétricos comerciais
- Lâmpadas
- Lavadoras de roupa
- Motores elétricos trifásicos
- Refrigeradores, frigobares, combinados, combinados frost-free
- Sistema de energia fotovoltaica
- Televisores – standy-by
- Transformadores de distribuição em líquido isolante
- Veículos Automotivos (PBE veicular)
- Ventiladores
Fonte: Inmetro (https://www.gov.br/inmetro/pt-br/assuntos/avaliacao-da-conformidade/programa-brasileiro-de-etiquetagem/tabelas-de-eficiencia-energetica)
Faixas coloridas e letras: classes de consumo
Cada classe de consumo – representada pela faixa colorida com uma letra – corresponde a um intervalo de eficiência energética. No caso do ar-condicionado, esse intervalo se refere ao chamado Coeficiente de Eficiência Energética (CEE), que é o quanto se produz de ar frio em relação ao consumo de eletricidade para fazer o aparelho funcionar. No caso dos refrigeradores, o intervalo é chamado de Índice de Eficiência. Quanto maior o CEE, mais eficiente é o ar-condicionado, pois ele é capaz de produzir a mesma quantidade de frio usando menos eletricidade. Na tabela ao lado é possível ver os intervalos das classes atualmente vigentes para os condicionadores de ar do tipo split. No caso, por exemplo, de um ar-condicionado que pertence à classe A, o CEE é superior a 3,23 W/W; se ele estiver entre 3,02 e 3,23 ele será B e assim por diante.
Faixas de CEE para condicionadores de ar. Fonte: Anexo da Portaria Inmetro nº 410/2013
Para que a ENCE cumpra a sua finalidade, é importante que os intervalos de consumo de cada classe sejam atualizados com frequência. Essa renovação incentiva as empresas a disponibilizarem equipamentos cada vez mais eficientes para nós consumidores. Esse é o principal objetivo da etiqueta, além de ser fonte de informação para o consumidor. O tempo máximo entre as atualizações deve ser de quatro anos, mas, infelizmente, não é bem isso o que tem acontecido. A última modificação das faixas da ENCE para ar-condicionado ocorreu em 2013 e para os refrigeradores há 13 anos, ou seja, em 2006.
Ah, mais uma última curiosidade sobre a ENCE: ela serviu de inspiração para o IEI Brasil criar sua heroína, a Super Eficiência Energética (ou EE para os íntimos). Para saber mais sobre a Super EE e acompanhar suas aventuras acesse a seção Tirinhas: Super EE do site do IEI Brasil.
Nossa heroína: Super Eficiência Energética
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