3ª Oficina IEI Brasil apresenta resultados de projeto sobre geração distribuída e eficiência energética

3ª Oficina IEI Brasil apresenta resultados de projeto sobre geração distribuída e eficiência energética

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A International Energy Initiative – IEI Brasil apresentou os resultados de projeto sobre geração distribuída e eficiência energética, desenvolvido em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), na 3ª Oficina IEI Brasil. O evento foi realizado na tarde desta quinta-feira (21), na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp.

 

“O objetivo do evento é apresentar e discutir as principais sugestões para ampliar o papel da geração distribuída e das iniciativas de eficiência energética no país. Essas tecnologias possuem o potencial de nos ajudar a reduzir tarifas no longo prazo, evitar emissões e outros impactos ambientais, desde que reformulemos algumas práticas de planejamento, política energética e regulações. Apresentamos algumas dessas ideias que resultaram do projeto que desenvolvemos nos últimos dois anos”, disse o diretor da IEI Brasil Gilberto Jannuzzi.

 

Unicamp sediou 3ª Oficina da IEI Brasil

O projeto, hoje em fase de conclusão, foi desenvolvido de 2016 a 2018. Na primeira fase, foram levantados dados sobre o funcionamento do setor elétrico e da formação das tarifas brasileiras, além de informações sobre eficiência energética e geração distribuída e os modelos de negócio adotados para a difusão dessas duas práticas em outros países. A principal hipótese era de que o aumento da geração distribuída e da eficiência energética iria impactar as tarifas de energia elétrica dos consumidores finais devido à perda de receita das empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica. Essa foi a base para os cálculos realizados nas segunda e terceira fases do projeto, para contabilizar esse impacto da geração distribuída e da eficiência energética nas tarifas de eletricidade e em outros indicadores-chave como geração de empregos, emissões de gases de efeito estufa e renúncia fiscal. Os resultados apontaram para a necessidade de se pensar em mudanças no atual modelo do setor de eletricidade brasileiro para que os benefícios da eficiência energética e da geração distribuída para os consumidores, e para a sociedade como um todo, sejam potencializados.

 

A primeira parte da 3ª Oficina foi composta por apresentações dos membros da IEI Brasil. Sérgio Valdir Bajay, Raphael Heideier e Gilberto Jannuzzi apresentaram resultados, recomendações e propostas elaborados pela instituição a partir do estudo, especialmente na terceira e última fase da pesquisa.

 

De acordo com a fala do diretor Jannuzzi, as recomendações envolvem três eixos inter-relacionados: as políticas públicas, o âmbito do prossumidor e a evolução tecnológica. Soluções como novos formatos de tarifas – como as tarifas binômias – e leilões de eficiência energética como forma de melhor aproveitar os recursos distribuídos estão entre as propostas.

 

Raphael Heideier, da IEI Brasil, durante apresentação

Para a pesquisadora da IEI Brasil Izana Vilela, a principal contribuição do projeto foi valorar os possíveis impactos da difusão da geração distribuída e da eficiência energética no Brasil “e propor soluções para minimizar os impactos que sejam negativos, principalmente o impacto na tarifa”. Entre os efeitos positivos, a pesquisadora cita a geração de empregos e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

 

Segundo Sérgio Valdir Bajay, o projeto tem várias frentes de atuação. Uma delas seria analisar como a questão da geração distribuída e da eficiência energética está sendo tratada no exterior, em países que mais se destacam na área como os EUA, a Alemanha e o Reino Unido. Outra frente, de acordo com o pesquisador, seria a análise do que está sendo feito e proposto na realidade do setor elétrico brasileiro. A terceira, por sua vez, foi baseada nas simulações matemáticas, que foram elaboradas a partir de planilhas de tarifas oficiais da Aneel e simuladores desenvolvidos pelos pesquisadores da IEI Brasil para avaliar o impacto da eficiência energética e da geração distribuída em vários cenários com base em várias hipóteses. Esta frente, de acordo com Bajay, permite analisar a realidade do setor elétrico brasileiro de hoje até por volta de 2040. “As simulações tiveram como objetivo não apresentar o resultado como uma espécie de “caixa-preta” e sim disponibilizar simuladores e como se trabalharam as hipóteses para que colegas, de uma forma geral, e empresas possam fazer esse mesmo tipo de simulação com outras hipóteses”, explica Bajay.

 

Raphael Heideier, um dos responsáveis pela elaboração dos modelos matemáticos, ressalta que “o tema não está esgotado de forma nenhuma, há muita análise a ser feita, muitas variáveis a serem analisadas, muita tecnologia que pode ser empregada para mudar a forma como os agentes se relacionam e como o mercado funciona”. De acordo com Heideier, durante o estudo foi possível diagnosticar que são necessárias ações urgentes para o mercado de energia solar; do contrário, há um sério risco de não serem aproveitados benefícios como a geração de empregos. “É preciso apontar os problemas, os pontos negativos, para que eles sejam tratados e para que o mercado de solar prospere e se consolide”, completa.

 

Presença do ONS e do MME

 

Luís Fernando Badanhan do MME

A 3ª Oficina IEI Brasil também contou com a presença de representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Ministério de Minas e Energia. Roberto Fontoura da Gerência de Estratégia e Inovação do ONS e Luís Fernando Badanhan do Departamento de Desenvolvimento Energético do MME apresentaram as políticas e as iniciativas desenvolvidas por esses órgãos nas áreas de geração distribuída e eficiência energética.

 

Badanhan ressaltou a importância da aplicação prática demonstrada nos resultados do projeto desenvolvido pela IEI Brasil. Além disso, o representante do MME afirmou que um dos principais êxitos do projeto e da oficina está em aproximar a academia – os pesquisadores – dos órgãos de gestão do governo (com o MME e o ONS).

 

Fontoura, do ONS, também mencionou a importância do contato entre essas duas esferas. Segundo ele, os resultados do projeto poderão até mesmo ser adotados como referência para a atuação do órgão, pois contribuem para que o ONS possa conciliar os dados e as situações apresentados sobre geração distribuída e eficiência energética no momento de tratar da operação do sistema.

 

Roberto Fontoura do ONS

 

Lançamento de livro

 

Versão impressa do livro resultante do projeto foi lançada durante a 3ª Oficina

O relatório elaborado como produto-final na primeira fase do projeto desenvolvido entre a IEI Brasil e o iCS foi transformado em um livro, destinado ao grande público. Chamado “Geração distribuída e eficiência energética: reflexões para o setor elétrico de hoje e do futuro”, o livro está disponível gratuitamente na versão em pdf (acesse aqui). Durante a 3ª Oficina IEI Brasil foi lançada a versão impressa da publicação, que contou, também, com o apoio do Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre).

 

O livro apresenta detalhes da constituição e do funcionamento do setor elétrico brasileiro, além da formação da tarifa de eletricidade. Essas informações permitem compreender como essa atual configuração do setor poderá levar ao encarecimento da tarifa de eletricidade do consumidor com a difusão da geração distribuída e da eficiência energética. O livro também descreve as principais políticas brasileiras ligadas à geração distribuída e à eficiência energética e apresenta possíveis modelos de negócio inspirados na experiência de outros países.

 

Baixe as apresentações utilizadas na oficina:

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